sexta-feira, 19 de setembro de 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008



























* "Era como se eu tivesse sofrido um linchamento, os carnívoros não escutaram nenhuma nota da minha música. Eram loucos, bêbados e cheios de ódio. Mas a minha Butterfly não morre. É a ópera com o mais profundo sentimento e imaginação que já criei".

- Disse após a estréia da ópera "Madame Butterfly" em fevereiro de 1904. Foi um fracasso inesperado.

Madame Butterfly
































O Japão era um país quase totalmente isolado do resto do mundo, até que por volta de 1870 um presidente americano mandou uma expedição de reconhecimento a Sua Majestade Imperial, cujo intuito era forjar laços de amizade com o Império do Sol Nascente. Nas décadas que se seguiram, vários oficiais da marinha americana visitaram o Japão e contraíram matrimônios temporários com jovens japonesas. A história de Cio-Cio-San (Butterfly, ou Borboleta), portanto, se baseia em fatos reais, e descreve as trágicas consequências de um desses matrimônios contraídos com leviandade.


Ato I

Benjamin Franklin Pinkerton, oficial da marinha dos Estados Unidos em Nagasaki, acaba de fazer um excelente negócio: comprou não somente uma casa na colina, com vista para o mar e o porto de Nagasaki, mas também leva de brinde uma gueixa, Cio-Cio-San, garota de apenas quinze anos de idade, que irá morar com ele na casa. Goro, o agente imobiliário e matrimonial, mostra a Pinkerton sua nova casa, quando chegam Suzuki, sua nova serva, aia de Butterfly, e Sharpless, cônsul dos Estados Unidos em Nagasaki. Pinkerton oferece um uísque ao amigo, e explica a ele o negócio que acaba de fazer. Sharpless o adverte, porém, de que seria um grande pecado machucar os sentimentos da garota, que parece acreditar na seriedade desse casamento e está perdidamente apaixonada por ele. Pinkerton, numa atitude discriminatória e ignorante, ergue um brinde ao dia em que se casará de verdade com uma esposa americana. Chega Butterfly com suas amigas, que cantam um hino à beleza da paisagem e à ternura das garotas do Japão, enquanto Cio-Cio-San canta seu amor por Pinkerton. Chegam convidados, os parentes todos de Butterfly, com exceção do tio, um monge budista que se opõe a esse casamento. Butterfly, porém, confessa que visitou a missão americana em Nagasaki e se converteu à religião de Pinkerton - prova da sinceridade dos seus sentimentos. A cerimônia de casamento de Butterfly e Pinkerton é interrompida pela chegada do tio bonzo, que ficou sabendo que Butterfly havia renunciado à fé dos seus antepassados, e lança uma maldição contra ela. Butterfly chora, mas é consolada pelo marido. Os convidados se retiram, e Butterfly e Pinkerton estão finalmente a sós. A noite cai. Segue-se um dueto de amor entre ambos.


Ato II

Pinkerton regressou aos Estados Unidos; prometeu, porém, que voltaria "quando os pintarroxos fizerem os seus ninhos." Já se passaram três anos. Butterfly chora, e Suzuki reza o tempo inteiro, ajoelhada diante da imagem do Buda. Suzuki diz a Butterfly que suspeita que seu marido não voltará mais. "Cala a boca, ou te mato!", responde Butterfly. Ela chora, mas não perde a esperança: Un bel dì vedremo - um belo dia veremos um fio de fumaça no horizonte - o navio de Pinkerton! Chega Sharpless, que traz uma carta de Pinkerton para Butterfly, cujo objetivo é prepará-la para o golpe que ela vai receber, ao saber que ele se casou com uma americana. Butterfly lhe pergunta quando fazem seus ninhos na América os pintarroxos. "Não sei," responde Sharpless, "nunca estudei ornitologia." Logo após chega Goro, trazendo um novo candidato à mão de Butterfly: o Príncipe Yamadori, homem rico e perdidamente apaixonado por Butterfly. Butterfly o repele com zombarias, reafirma que está casada com Pinkerton, e manda o príncipe e o insolente nakodo embora de sua casa. Sharpless começa a ler a carta, mas não consegue terminar a leitura, porque Butterfly o interrompe o tempo todo com manifestações de carinho e fidelidade ao marido, e ele também não tem coragem de revelar-lhe a rude verdade. Num gesto brusco, ele fecha a carta, a põe de volta no bolso, e pergunta a ela o que ela faria se ele não voltasse. Voltaria a ser gueixa, responde Butterfly; ou, melhor ainda - "me mataria." Sharpless pede a ela que pare de alimentar ilusões e aceite a proposta do rico Yamadori. Sentindo-se ultrajada, Butterfly mostra a ele o filho que ela teve com Pinkerton, cuja existência tanto o cônsul como Pinkerton ignoravam. Sharpless promete escrever a Pinkerton para revelar a ele a existência desse seu filho, e se retira. Lá fora, Suzuki golpeia Goro, acusando-o de espalhar calúnias a respeito do filho de Butterfly, dizendo que ninguém sabe quem é o pai do garoto. Ouve-se um tiro de canhão vindo do porto. Uma nave de guerra! Butterfly olha com seus binóculos e lê o nome do navio: é o Abraham Lincoln, o navio de Pinkerton. Suzuki e Butterfly decoram a casa com flores primaveris, para aguardar a chegada de Pinkerton (Scuoti quella fronda di ciliegio, o famoso Dueto das Flores). Sem poder dormir, Butterfly esperará a noite toda pelo marido.



Ato III

Butterfly, que não dormiu a noite inteira, canta uma cantiga de ninar para o filho, que adormece nos seus braços. Suzuki aconselha a ela que durma também; quando Pinkerton chegar, ela virá despertá-la. Exausta, ela por fim cai no sono. Falta pouco para amanhecer quando batem à porta; Suzuki vai atender, são Sharpless e Pinkerton. Pinkerton, ao ver todas as flores e ao ouvir de Suzuki como Butterfly o esperou todos esses anos, é tomado de um súbito remorso. De repente, Suzuki nota uma mulher no jardim, e pergunta quem é ela. Sharpless não aguenta mais essa farsa e conta-lhe toda a verdade. Suzuki leva as mãos ao rosto e diz: "Santas almas! Para a pequena, o sol se apagou!" Sharpless pede a Suzuki que vá ao jardim falar com Kate Pinkerton. Enquanto isso, este último, possuído por um remorso avassalador, por fim reconhece que foi naquela casinha pequenina que ele conheceu a verdadeira felicidade (Addio, fiorito asil). Pinkerton sai correndo; ele não tem coragem de enfrentar a jovem cuja vida ele destruiu. Butterfly desperta e, ao sair do quarto onde estava dormindo, entra na sala e se depara com Sharpless, Suzuki, e uma mulher estranha. Suzuki chora. Num átimo, Butterfly compreende tudo. "Não! Não me digam nada. Eu já sei. Aquela é a mulher de Pinkerton?" Kate pede a ela que lhe entregue o seu filho. "Serei como uma mãe para ele." Butterfly promete que o entregará dentro de meia hora. Sharpless e Kate se retiram, e Butterfly pede a Suzuki que vá buscar seu filho. Enquanto isso, ela retira de um baú um punhal, com o qual seu pai havia cometido seppuku, também conhecido como hara-kiri, um suicídio ritual japonês, e lê a inscrição: "Com honra morre aquele que não mais com honra viver pode." Suzuki volta com o garoto, e Butterfly pede a ela que a deixe a sós com ele. Ela beija ternamente o seu filho, e pede a ele que nunca se esqueça da sua mãe japonesa. Venda os olhos do menino, dá-lhe uns brinquedos para que brinque, e enfia a faca no ventre. É o fim.


Madame Butterfly


























Madama Butterfly é uma ópera em três atos (originalmente em dois atos) de Giacomo Puccini, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado no drama de David Belasco, o qual por sua vez se baseia numa história escrita pelo advogado americano John Luther Long. Estreou no teatro Scala de Milão a 17 de fevereiro de 1904.

Personagens :

Cio-Cio-San (Butterfly) (uma gueixa)

Suzuki (aia de Butterfly)

B.F. Pinkerton, (Lugar-tenente da marinha dos Estados Unidos)

Sharpless, (Cônsul dos Estados Unidos em Nagasaki)

Goro, (nakodo) (Agente imobiliário e matrimonial)

Príncipe Yamador, (prometido à mão de Cio-Cio-Sam)

Um bonzo, (monge budista), (tio de Cio-Cio-Sam)

Comissário Imperial

Um notário

Kate Pinkerton, (esposa americana de Pinkerton)


A história se passa em Nagasaki, Japão, por volta de 1900.






























La Bohème








































A história se passa em Paris, por volta de 1830.


Ato I

Em Paris, véspera de Natal, no sótão.

Marcello, um pintor que, aparentemente, não vende muitos quadros, pinta uma Passagem no Mar Vermelho; seu companheiro Rodolfo escreve um drama. Os dois tiritam de frio e estão com muita fome. O fogo na lareira está quase se apagando por falta de combustível. Marcello oferece sacrificar o "Mar Vermelho"; Rodolfo responde que faria muita fumaça, é melhor sacrificar o drama que ele está escrevendo, o que é feito incontinenti. Aparentemente, salvar-se de morrer de frio é mais importante que preservar suas obras para a posteridade. O fogo, porém, dura pouco. Chega Colline, que não conseguiu penhorar seus livros. Chega Schaunard, trazendo comida, vinho, lenha e cigarros, o que alegra os rapazes. Estão festejando ruidosamente, quando chega Benoît, o proprietário da cortelha onde moram; vem cobrar o aluguel atrasado. Eles o convidam para entrar, fazem-no sentar, oferecem-lhe um pouco de vinho. Marcello elogia o bom gosto do ancião, contando que outro dia o viu de braços dados com uma bela mulher. A conversa resvala então para um assunto predileto dos rapazes, e aparentemente também do ancião: mulheres. Perguntam a ele que tipo de mulher ele prefere. Ele responde que prefere as mais robustas, já que as magras tendem a ser neuróticas e aborrecidas "como por exemplo... minha mulher!" Ao ouvirem isso, os rapazes se levantam num ímpeto, fazendo pose de indignação moral: "O que? Então o sr. é casado? E anda fazendo essas coisas?" Expulsam o velho da mansarda, dizendo que ele "corrompe e polui o nosso lar respeitável." Após rirem bastante, Schaunard propõe que saiam para festejar no Café Momus. Rodolfo diz que precisa ficar para terminar o artigo que está escrevendo para o jornal proletário "Castor"; promete segui-los dentro de alguns minutos.

Sozinho, ele se senta para escrever, quando ouve baterem timidamente à porta. Pergunta quem é, uma voz feminina emite duas notas do lado de fora. Rodolfo abre e vê uma jovem pálida e de aspecto doentio, mas extremamente bela, tendo nas mãos uma vela apagada e uma chave. Ofegante devido ao esforço de subir as escadas, ela pede a ele, por favor, se teria fogo para reacender sua vela. Rodolfo insiste para que ela entre e sente-se um momento; ela desmaia sobre a cadeira, deixando cair a vela e a chave. Rodolfo asperge um pouco de água sobre o rosto da garota, ela volta a si. Rodolfo faz com que ela se sente junto ao fogo e oferece-lhe um pouco de vinho. Levantando-se, ela acende a vela, agradece, diz boa noite e sai. Ao cruzar o limiar da porta, ela se dá conta de que perdeu a chave do quarto onde mora. O vento apaga as duas velas, a dela e a de Rodolfo. Os dois reentram para procurar a chave no quarto semi-escuro, iluminado apenas pela lareira e pela luz da lua. No meio da escuridão, suas mãos se encontram, e é então que um lá bemol na clarineta-baixo dá o sinal a Rodolfo que é a hora de cantar Che gelida manina. Esta ária também começa com um lá bemol, isto não passa de um truque para que ele comece a ária com afinação perfeita. Rodolfo se apresenta e diz que é um poeta. Mimì responde com sua primeira ária, Mi chiamano Mimì. Me chamam de Mimì, mas meu nome é Lucia. Gosto daquelas coisas que se chamam de poesia. O ato conclui com o dueto de amor O soave fanciulla.


Ato II

O Quartier Latin e o Café Momus.

No Quartier Latin, um bairro boêmio de Paris, há muita agitação: tocam música alegre, cantam, dançam, se divertem. Rodolfo chega com Mimì e apresenta sua nova companheira aos amigos: "Eu sou o poeta, ela é a poesia." Musetta, antiga companheira de Marcello, chega acompanhada de outro homem, Alcindoro, mais velho e mais endinheirado que Marcello. Ao ver Marcello, porém, ela fica excitada, inquieta, como se algum bicho a tivesse mordido. Quebra um prato, reclama do serviço. Sobe na mesa e canta uma valsa, cujo objetivo óbvio é seduzir Marcello. De repente, ela solta um grito, dizendo que seu sapato a está machucando. Alcindoro sai para comprar um novo par para ela, ela cai nos braços de Marcello. Entre os amigos falidos, porém, ninguém tem dinheiro para pagar a conta. Musetta diz ao garçom que Alcindoro vai pagar. Marcello e Colline a carregam nos ombros e eles saem, rindo. Quando Alcindoro chega, apresentam-lhe a conta.


Ato III

A Barreira do Inferno (bairro na periferia de Paris).

Manhã de inverno. A neve cai profusamente. Vê-se uma praça cheia de árvores, um cabaré, e o portão da alfândega. Varredores de rua cantarolam enquanto trabalham, ouvem-se vozes, gritos e risos vindos de dentro do cabaré. Chega Mimì, pálida e tossindo, e pergunta a um sargento onde é o cabaré onde mora e trabalha o pintor Marcello; ele lhe aponta. Ouve-se a voz de Musetta cantando lá dentro. Uma garçonete sai do cabaré, e Mimì pede a ela que diga ao pintor Marcello que Mimì quer falar com ele. Marcello sai, Mimì explica a ele que o relacionamento entre ela e Rodolfo está indo por água abaixo. Na noite anterior, ele fugiu de casa dizendo, "está tudo acabado entre nós." Eles vêm tendo atritos constantes ultimamente, cuja razão subjacente, que Mimì ignora, e que talvez não seja clara nem mesmo ao próprio Rodolfo, é o sentimento de culpa de Rodolfo, por saber que Mimì está condenada, e ele não pode fazer nada por ela. Rodolfo sai da taverna, Mimì se esconde atrás de uma árvore. Na conversa com Marcello, Rodolfo confirma mais ou menos o que disse Mimì. Mimì tosse, denunciando sua presença. Mimì e Rodolfo agora cantam um dueto de amor, que é também uma despedida: Ci lascierem alla stagion dei fior. Os dois resolvem se separar amigavelmente. O dueto entre Mimì e Rodolfo se transforma num quarteto, quando vêm juntar-se as vozes de Musetta e Marcello, que estão tendo uma briga: Musetta flerta com todos os homens, para grande desagrado de Marcello.



Ato IV

Novamente no sótão, como no primeiro Ato.

Marcello e Rodolfo estão juntos de novo na mesma mansarda, Marcello pintando um quadro, Rodolfo escrevendo. Mas nem Marcello conseguiu esquecer Musetta, nem Rodolfo esquecer Mimì. Eles cantam um dueto, cada um recordando a respectiva amante. Chegam Schaunard e Colline trazendo comida. Os homens comem, bebem, cantam, dançam, brincam de luta, riem e se divertem. A brincadeira descontraída entre os machos é subitamente interrompida por um acorde lúgubre na orquestra: batem à porta. É Musetta: "Mimì vem vindo atrás de mim. Ela está muito mal." Mimì entra, quase sem fôlego após subir as escadas. Fazem com que ela se deite na cama. Mimì pergunta a Rodolfo se ele quer sua presença, ele responde que sim. Musetta conta que Mimì abandonou um rico visconde, para ir morrer no lugar onde ela encontrou o verdadeiro amor. Mimì diz que sente frio. Musetta oferece vender suas jóias, Colline seu casaco para conseguirem dinheiro para pagar um médico (Vecchia zimarra senti). Saem todos e deixam Mimì a sós com Rodolfo. Ela diz que fingia estar dormindo, porque queria estar a sós com ele. Eles cantam um último dueto de amor - de amor e de morte. Mimì pergunta se ela ainda é bela. "Bela como uma aurora," responde Rodolfo. "Bela como um crepúsculo, é isto que quiseste dizer," ela arremata. Eles relembram o primeiro encontro. Ela, com senso de humor, o recrimina pelo truque baixo que ele usou, escondendo a chave; "eu ajudava o destino," ele responde. Ouve-se de novo a melodia de Che gelida manina. Chegam Marcello, Musetta, Colline, Schaunard, trazendo uma manta nova que compraram para ela para aquecê-la melhor. Mimì sorri: "que bom, amor, estar sempre contigo, quentinha, e dormir." Um acorde lúgubre mas delicado na orquestra nos avisa que Mimì morreu (Puccini chegou a desenhar uma caveira neste ponto no manuscrito original da partitura). Musetta protege a chama da única vela que ilumina o quarto: Qui ci vuole un riparo perché la fiamma sventola, e faz uma prece à Virgem: Madona bendita, concede a graça a esta pobrezinha para que ela não morra. Madona Santa, eu sou indigna de perdão, enquanto Mimì é um anjo do céu. A ópera termina com Rodolfo gritando Mimì! Mimì!, repetindo a mesma nota (sol sustenido), enquanto soluça e chora convulsivamente, e tudo morre num acorde de dó sustenido menor.



Turandot
























A Princesa Turandot, filha do Imperador Altum da China, odeia todos os homens, e jura que jamais se entregará a nenhum deles; isto devido a um fato ocorrido na família imperial que a traumatizou para sempre: o estupro e assassinato da princesa Lo-u-Ling, quando os tártaros invadiram e conquistaram a China. Seu pai, porém, exige que ela se case, por razões dinásticas, e para respeitar as tradições chinesas. A princesa concorda; porém, com uma condição: ela proporá três enigmas a todos os candidatos, que arriscarão a própria cabeça se não acertarem todos os três, e somente se casará com aquele que decifrar todas as três duríssimas charadas. A crueldade e frieza da princesa não fazem mais do que atiçar a paixão do Príncipe Desconhecido, filho do deposto rei dos tártaros, que decide arriscar a própria vida para conseguir a mão da orgulhosa princesa. Ele consegue, após a derrota de todos os outros candidatos, até porque é o único que compartilha da natureza sádica e egoísta da princesa, sendo capaz de entendê-la.


Ato I

Pequim. Um arauto do governo imperial anuncia à multidão, reunida na Praça da Paz Celestial, o decreto do imperador Altum: a Princesa Turandot desposará aquele que, de sangue real, decifre os três enigmas que ela proporá. Aquele que se arriscar, porém, e fracassar, pagará com a vida. O Príncipe da Pérsia acaba de tentar, mas não teve sorte: será executado ao nascer da lua. A multidão mal pode esperar para ter o prazer de assistir à execução (Perchè tarda la luna?). No meio dessa turba ensandecida está o velho Timur, incógnito príncipe destronado dos tártaros, e sua fiel servidora Liù. O Príncipe Desconhecido, filho de Timur, exulta de alegria ao reencontrar seu pai, que julgava morto. A lua surge no céu. Aparece o Príncipe da Pérsia a caminho do patíbulo; longe de parecer assustado diante da morte, ele parece estar num êxtase místico, embriagado pela beleza de Turandot. Aqui a princesa entra em cena pela primeira vez. Tomados de compaixão pelo jovem príncipe, todos suplicam-lhe por clemência; mas, ao invés, sem hesitar um só segundo, num gesto imperioso, frio, e cruel, ela dá o sinal ao carrasco que faz descer o machado no pescoço do príncipe. É neste exato momento que o Príncipe Desconhecido se apaixona por Turandot, e anuncia sua intenção de se candidatar à mão da princesa. Todos tentam demovê-lo da idéia: seu pai, os três ministros imperiais Ping, Pang e Pong, e Liù que, numa comovente ária, Signore ascolta, confessa que está apaixonada pelo príncipe desde o dia em que pela primeira vez o viu sorrir no palácio real. O Príncipe responde pedindo-lhe que nunca deixe de tomar conta de seu velho pai, se ele vier a faltar (Non piangere Liù). Aos gritos gerais de louco! insensato! o que estás fazendo? - o príncipe toma do martelo, e dá três golpes no gongo, sinal de que está se candidatando à mão de Turandot.


Ato II

Os três ministros Ping, Pang e Pong discutem o destino da China, e comentam que, desde que Turandot começou a reinar, ninguém mais tem paz no Celeste Império: o machado e os instrumentos de tortura funcionam noite e dia. Monta-se a cena diante do Palácio Imperial para a cerimônia dos enigmas. Surge em cena o velho imperador Altum, que tenta convencer o jovem pretendente a desistir: "Permite, meu filho, que eu possa morrer sem levar para o túmulo essa culpa pela tua jovem vida, muito sangue já correu!" Mas é tudo em vão, a obstinação do jovem Príncipe Desconhecido deixa todos estupefatos. Surge Turandot, que olha o candidato com olhar frio, impassível, e cheio de desdém. Sua voz se faz soar pela primeira vez: "Neste palácio (In questa Reggia), já faz mais de mil anos, um grito desesperado ressoou; e aquele grito, da flor da minha estirpe, um eco eterno na minh'alma deixou. Princesa Lo-u-Ling!... Há séculos ela dorme na sua tumba enorme! Estrangeiro, desiste! Os enigmas são três, a morte é uma." Tendo o príncipe recusado sua última chance de escapar ileso, Turandot expõe seu primeiro enigma. "Qual é o fantasma que nasce todas as noites, apenas para morrer quando chega a manhã?" "É a esperança," responde o príncipe. Os três sábios do reino consultam o livro das respostas: primeira resposta, correta. Turandot, por um breve momento, parece ter sentido um choque, mas não se deixa abater, e diz cheia de escárnio: "Sim! A esperança que ilude sempre!" Impassível, ela propõe o segundo enigma: "O que é vermelho e quente como a chama, mas não é chama?" "O sangue," responde o príncipe. Os sábios consultam seus livros: a segunda resposta também está correta. Agora, Turandot parece ter perdido um pouco a compostura, mas se convence de que nem tudo está perdido. Vem o terceiro enigma: "Qual é o gelo que te faz pegar fogo?" "Turandot." "Turandot! Turandot!" gritam os sábios em coro. Resposta correta! Agora, o desespero toma conta de Turandot, que se atira nos braços do pai: "Pai, não me obrigue a entregar-me a este estrangeiro!" Mas seu pai lhe responde que nada pode fazer: o juramento é sagrado. O Príncipe Desconhecido, porém, afirma que não quer ter Turandot contra a vontade da princesa. Ele propõe-lhe, então, um único enigma; se ela responder corretamente, ele desiste dos seus direitos, e entrega sua cabeça ao carrasco. "Tens até a aurora," diz ele, "para descobrir meu nome."


Ato III

Funcionários públicos percorrem as ruas de Pequim com lanternas acesas. Numa ditadura perfeita, onde ela tem poderes ilimitados, Turandot ordenou que ninguém durma esta noite em Pequim: todos devem ajudar a descobrir o nome do Príncipe Desconhecido. É então que o príncipe canta a celebérrima ária Nessun dorma (Que ninguém durma). Os três ministros Ping, Pang e Pong tentam fazer de tudo para convencer o jovem a desistir, oferecendo-lhe lindas mulheres, riquezas, e um visto de saída da China - mas tudo em vão. De repente, alguém se lembra de que viu o jovem príncipe em companhia de Liù e do velho. Turandot ordena que Liù seja torturada, até que revele o nome do príncipe; ela morre sem dizer uma palavra, numa das mortes mais comoventes de todas as óperas. O dia nasce com o velho chorando sobre o cadáver de Liù. "Liù, bondade! Liù, doçura! Liù, poesia!". Calaf, o principe desconhecido vê Turandot, ela pede que todos saim e tem um duo com ele (este já composto por Franco Alfano) em que ela se revela humilde. Calaf conta qual é o seu nome, e os guardas chegam; Turandot restaura seu orgulho, mas na hora de falar qual é o nome de Calaf ela fala que o nome dele é "Amor".



Turandot






















Turandot, última ópera de Giacomo Puccini, com libreto de Giuseppe Adami e Renato Simoni, composta em três atos, baseado numa peça de Carlo Gozzi com a adptação de Friedrich von Schiller. Estreou no Teatro Alla Scala em Milão a 25 de abril de 1926, sob a regência de Arturo Toscanini. Esta ópera ficou inacaba por causa da morte do autor à 29 de novembro de 1924, sendo completada por Franco Alfano. Arturo Toscanini não gostou do final que Franco Alfano deu a ópera de Puccini, por isso que na cena de morte de Liù, virou-se para a platéia e disse: "Senhoras e Senhores, aqui parou Giacomo Puccini".

Em Turandot, Puccini mostra aquela veia sado-masoquista que já havia manifestado em Suor Angelica, Madama Butterfly e Tosca ("meus instintos nerônicos", dizia ele). O triunfo final de duas personagens que se comportam de forma censurável (Turandot e o príncipe Calaf) chocou algumas pessoas, apesar da partitura de um melodismo fluido, extremamente quente, melancólico e sensual, típico de Puccini. Esta ópera, na qual Puccini importa temas musicais de origem chinesa, assim como a Aida de Giuseppe Verdi, é um verdadeiro deleite para os cenógrafos, pois permite a criação de cenários monumentais.



Personagens:

Altum, imperador da China
Princesa Turandot, filha de Altum
Timur, rei exilado dos tártaros
Calaf, filho de Timur
Liù, escrava de Timur
Ping, Chanceler Barítono
Pang, Ministro da Dispensa
Pong, Grande Cozinheiro
Um Mandarim
















Tosca




















Ato I

A Igreja de Sant'Andrea della Valle, em Roma

Angelotti acaba de fugir do Castelo de Sant'Angelo. Aterrorizado e ofegante, ele entra na igreja, aparentemente vazia. Sua irmã, a Marquesa Attavanti, está colaborando na sua fuga. Ela entrou na igreja alguns dias antes e, fingindo que rezava, escondeu uma chave aos pés da Madona; é a chave da capela dos Attavanti. Ele recolhe a chave rapidamente, entra na capela, e se esconde. Na igreja há uma grande pintura coberta com um pano, e diversos apetrechos de pintor. Um sacristão entra cantarolando. Sinos badalam, é a hora do Angelus, ele se ajoelha e reza. Chega Cavaradossi, o artista revolucionário esquerdista e voltairiano (adepto de Voltaire), e descobre o quadro no qual está trabalhando: é um retrato de Maria Madalena. O pintor canta enquanto trabalha, e o que ele canta é um hino de amor à arte, à vida, e à sua amante, Floria Tosca, uma cantora de ópera (Recondita armonia). O sacristão se apercebe de que o rosto da mulher que Cavaradossi está pintando é o mesmo de uma dama que veio à igreja rezar no dia anterior. Tendo trazido um cesto com comida e vinho, pergunta ao pintor se ele vai querer comer; ele responde que não está com fome, e despede o sacristão. Angelotti sai da capela e Cavaradossi reconhece seu amigo; os dois partilham os mesmos ideais revolucionários. A conversa dos dois é interrompida pela chegada de Tosca, que entra na igreja gritando "Mario! Mario!" Cararadossi dá o cesto de comida ao amigo e pede a ele que se esconda de novo, por precaução. Tosca pergunta com quem ele estava falando. "Contigo," diz o pintor. Tosca olha para o quadro e reconhece o modêlo. "É a Attavanti. Ela esteve aqui?" "Eu a vi ontem, mas foi por acaso," responde Mario. "Ela veio rezar e, sem que ela percebesse, pintei o seu retrato." Tosca olha para o retrato cheia de ciúmes. A Attavanti tem os olhos azuis, Tosca tem os olhos negros. "Pinta os olhos dela de negro," diz Tosca. Mario e Tosca cantam um ardente dueto de amor. Cavaradossi pede a ela que vá, porque ele precisa trabalhar. Ainda desconfiada, ela diz: "Mas pinta os olhos dela de negro!" e parte. Angelotti sai do esconderijo, e Cavaradossi lhe diz que a Tosca é bondosa, mas como ela não esconde nada do seu confessor, ele preferiu não contar nada a ela por enquanto, e pergunta a Angelotti qual é o seu plano. Este responde que sua irmã escondeu roupas de mulher para ele sob o altar; assim que escurecer ele as vestirá e fugirá. Cavaradossi oferece a Angelotti esconderijo em sua própria casa. Neste instante, ouve-se um tiro de canhão, vindo do Castelo de Sant'Angelo: a fuga de Angelotti foi descoberta. Angelotti pega as roupas de mulher, ele e Cavaradossi saem da igreja rapidamente; mas Angelotti deixa cair um leque. O sacristão entra na igreja com um bando de padres, coroinhas e membros do coro, fazendo algazarra e em grande alegria: parece que Napoleão foi derrotado. Vai haver uma grande festa esta noite, com fogos de artifício e uma cantata no Palazzo Farnese com Floria Tosca. Chega Scarpia, acompanhado de Spoletta e vários policiais. Interroga o sacristão: "Um prisioneiro de estado acaba de fugir do Castelo de Sant'Angelo. Está escondido aqui?" Neste instante, Tosca entra na igreja para avisar Cavaradossi que não poderá estar com ele esta noite devido ao espetáculo no Palazzo Farnese. Enquanto seus homens revistam a igreja, Scarpia dirige-se a Tosca. "Permita-me cumprimentá-la, madame, eu sou seu admirador," diz ele, beijando a mão da famosa diva. "Admiro suas virtudes. São raras as cantoras de ópera que vêm à igreja rezar. Pelo menos a Senhora não faz como certas damas, que entram na igreja para namorar pintores," diz ele, apontando para o retrato da Attavanti. "O que está dizendo?" indaga Tosca, atônita. "Tem provas?" "Por acaso isto é apetrecho de pintor?" diz Scarpia, mostrando a ela o leque com a insígnia da Marquesa Attavanti que encontrou no chão. Num instante, Tosca imagina a cena toda: Mario e a Attavanti se beijando, ela entra na igreja, a Attavanti foge, deixando cair o leque. Corroída de ciúmes, ela sai rapidamente da igreja, que começa a se encher de fiéis, bispos, padres, e um cardeal, para ouvirem um Te Deum que será cantado para celebrar a vitória contra Napoleão. Scarpia ordena a seus homens que a sigam.


Ato II

Palazzo Farnese

Um espaçoso salão no terceiro piso do Palazzo Farnese. Vê-se uma ampla mesa recoberta de candelabros, vinhos, e iguarias finas. No primeiro e no segundo pisos do mesmo palácio a rainha Maria Carolina dá uma festa em honra de Melàs, o general que derrotou Napoleão. Ouve-se o som de gavotas vindas do andar de baixo, Tosca ainda não chegou para a cantata. Enquanto saboreia um vinho e prova umas iguarias, Scarpia medita. Seu objetivo é duplo: político e sexual. Cavaradossi e Angelotti, ele quer executá-los; Tosca, ele a quer possuir. Entra Sciarrone; Scarpia escreve rapidamente um bilhete, e diz a ele que o entregue a Tosca assim que ela chegar. Então ele canta um monólogo musical tão impressionante como o de Iago no segundo ato do Otello de Verdi, no qual ele joga luz sobre sua personalidade, mostrando claramente que tipo de pessoa ele é. Chega Spoletta, trazendo uma má notícia e uma boa. Revistaram toda a casa de Cavaradossi e não conseguiram encontrar Angelotti. Encontraram Cavaradossi, contudo, e ele é trazido para ser interrogado por Scarpia, ao mesmo tempo em que se ouve a voz da Tosca e do coro cantando a cantata no andar de baixo. Scarpia interroga Cavaradossi: ele quer saber onde está Angelotti. O que se segue então é musicalmente interessante, quando o som da cantata que vem do andar de baixo se mistura às linhas melódicas das vozes de Scarpia, de Spoletta, e de Cavaradossi, um exemplo engenhoso e bastante peculiar de polifonia. Scarpia, furioso, fecha a janela violentamente, interrompendo o som da cantata, e pergunta onde está Angelotti. Cavaradossi insiste que não sabe. Scarpia diz que uma pronta confissão evitará maiores sofrimentos. Tosca entra e, ao ver Mario, corre para abraçá-lo; Mario pede a ela que não diga nada do que sabe. Scarpia ordena que Mario seja torturado. Os gritos lancinantes do amante vindos da outra sala vão minando pouco a pouco a resistência de Tosca, que não aguenta mais e acaba revelando o lugar onde está escondido Angelotti. Mario desmaia. Seu corpo inerte e ensanguentado é trazido para a sala e posto no divã. Tosca o abraça e beija; ele volta a si. Sciarrone entra e anuncia: Napoleão é vitorioso na batalha de Marengo; a notícia anterior (da derrota) era falsa. Cavaradossi grita: Vittoria! Vittoria! Canta a plenos pulmões um pequeno hino de alegria e louvor à vitória de Napoleão: L'alba vindice appar che fa gli empi tremar! Scarpia declara que ele é um homem morto. Mario é arrastado para fora, e Scarpia fica a sós com Tosca. Oferece-lhe um gole de vinho e diz a ela que se acalme e não fique tão assustada. "Vamos buscar juntos um jeito de salvá-lo," diz. "Você me pede uma vida. Eu só lhe peço um instante." Tenta agarrá-la, beijá-la; Tosca o repele com violência: "você me causa nojo." Scarpia ri. Ouve-se rufar de tambores, "estão preparando o patíbulo para o seu amante," diz Scarpia. Caída no chão, ela canta Vissi d'arte, vissi d'amore (Eu vivi para a arte, eu vivi para o amor). Podemos comparar esta ária com o lamento de Jó ou de algum salmista da Bíblia, quando se sente injustamente maltratado. Batem à porta: é Spoletta, que traz a notícia de que Angelotti se suicidou assim que os guardas de Scarpia o encontraram. Anuncia que tudo está pronto para a execução de Mario, aguardam apenas a ordem de Scarpia. Este olha para Tosca e pergunta: "E então?" Ela responde que sim, está pronta a ceder aos desejos do infame animal, desde que liberem Mario imediatamente. Scarpia responde que não pode fazer graça abertamente, tem que haver uma execução simulada. Dá a ordem a Spoletta na frente de Tosca: execução à la Palmieri. "Sim, senhor, à la Palmieri," diz Spoletta, e se retira. A mensagem em código é esta: ao conde Palmieri também foi prometida uma execução simulada, e ele acabou sendo fuzilado do mesmo jeito. Tosca não percebe que foi enganada. Sozinha com Scarpia, ela pede a ele um salvo-conduto que ela e Mario possam escapar do país. Scarpia senta-se para escrevê-lo. Enquanto ele escreve, ela se aproxima da mesa, prova um gole de vinho, umas uvas, e vislumbra uma faca afiada e pontiaguda, usada para cortar um peru. Olhando fixamente para Scarpia, que está ocupado escrevendo, ela pega a faca e a esconde atrás de si. "Está pronto," diz Scarpia; mas ao tentar se levantar da cadeira, recebe uma facada nas costas, duas, três... Tenta gritar, mas o sangue lhe invade a garganta e o afoga. Ti soffoca il sangue? Ti soffoca il sangue? Ela golpeia com vontade, parecendo possuída pelo próprio sadismo do vilão. Morre, danado! Quando percebe que já está golpeando um cadáver, ela diz: Or gli perdono, ao mesmo tempo que a orquestra toca um tema em forte em fá sustenido menor, o leitmotiv do destino de Tosca. E avanti a lui tremava tutta Roma, e diante dele toda Roma tremia. Ela acende duas velas, põe uma de cada lado do cadáver, põe um crucifixo no peito do mesmo, pega o papel que está sobre a mesa, e se retira de cena.

Ato III

Castelo de Sant'Angelo

O dia amanhece em Roma. Do terraço do Castelo de Sant'Angelo vislumbra-se à luz cinzenta e vermelho-escura da manhã o Vaticano e a Basílica de São Pedro. A hora da execução se aproxima. Um carcereiro chega à cela de Cavaradossi e pergunta se ele quer ver um padre. O revolucionário esquerdista voltairiano responde que não. Ele tem, contudo, um último desejo: quer deixar uma última mensagem para uma pessoa amada. Em troca, oferece ao carcereiro seu anel, única coisa que lhe resta. Chegou a hora de E lucevan le stelle, hora em que as palavras perdem o seu poder de expressão. Suas últimas imagens do mundo, seus momentos felizes ao lado de Tosca. Tosca chega correndo com um papel na mão, acompanhada de um sargento que abre a porta da cela. Abraçam-se, beijam-se, o dueto de amor que se segue é cheio de alegria. Ela conta como deu morte a Scarpia. O dolci mani, ó doces mãozinhas, capazes de matar. Tosca lhe explica, contudo, que ele deve passar por um último ritual antes de escapar daquele inferno: a execução simulada. Sendo, como é, uma artista de teatro, ela sabe todos os truques cênicos, inclusive como cair sem se machucar. Instrui a ele para que não se levante enquanto ela não chamar. O carcereiro chega com os guardas e dizem a ele que está na hora. "Estou pronto," diz Mario. Os preparativos parecem levar uma eternidade, o nervosismo se apossa de Tosca; este é o último ato, a última coisa a fazer antes que possam escapar desse inferno. Mario é posto contra a parede. Atiram, ele cai. Vista de longe, a cena parece perfeita. "Como é lindo o meu Mario," ela exclama. "Que artista!" Os guardas vão embora, e ela se aproxima de Mario. Ao ver que ele está morto, solta um grito. O assassinato de Scarpia foi descoberto, correm atrás dela. Montada no parapeito do terraço, ela exclama: "Perante Deus, Scarpia!" e salta para a morte.

Tosca















































Tosca é uma ópera em três atos de Giacomo Puccini, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa, baseado na peça de mesmo nome de Victorien Sardou. Estreou no Teatro Costanzi de Roma, a 14 de janeiro de 1900.



Personagens :

Floria Tosca (célebre cantora de ópera)
Mário Cavaradossi (pintor, amante de Floria Tosca)
Cesare Angelotti (ex-cônsul, prisioneiro político)
Barão Scarpia (chefe da polícia de Roma)
Spoletta (agente da polícia)
Sciarrone, sargento da polícia
Um sacristão
Um carcereiro
Um pastor

A história passa-se em Roma, em 1800.

Manon Lescaut










Ato I

Um pequeno hotel à beira da estrada em Amiens, na França.

À porta da hospedaria há um belo jardim com mesas ao ar livre, onde os viajantes bebem cerveja, jogam cartas, conversam. Edmondo, um jovem estudante, recita uns versinhos burlescos e picantes para umas jovens donzelas, quando chega seu amigo Des Grieux, que parece um pouco sério e preocupado. Edmondo lhe pergunta se ele está apaixonado. Des Grieux responde ao amigo que o amor é uma espécie de comédia ou tragédia na qual ele não está nem um pouco interessado.

Chega um coche de Arras, do qual descem vários passageiros, entre os quais uma jovem de rara beleza, que imediatamente chama a atenção de Des Grieux; junto com ela estão seu irmão, Lescaut, sargento da guarda real, e um senhor que eles conheceram durante a viagem, chamado Geronte. O jovem e o velho entram na hospedaria e conversam com o dono; enquanto isso, a jovem senta-se sozinha num dos bancos do jardim, com uma pequena bagagem de mão e um olhar triste mas doce. Des Grieux não resiste à tentação, aproxima-se da jovem e pergunta como ela se chama. "Chamo-me Manon Lescaut," diz ela, e explica que vai dormir naquele hotel só por uma noite, e partirá na manhã seguinte para um convento. É desejo do pai que ela seja uma freira. A curta conversa dos dois, contudo, mostra claramente que este não é o desejo da jovem. Ouve-se a voz do irmão chamando Manon de dentro da hospedaria. "Ver-nos-emos mais tarde?" pergunta Des Grieux. Ela responde que sim. "Eu nunca vi uma mulher como esta," exclama ele numa ária, Donna non vidi mai simile a questa que exprime a paixão por Manon que acaba de despertar nele. Des Grieux concebe um plano: raptar Manon e levá-la para Paris. Só que o velho lúbrico, Geronte, teve a mesma idéia. Lá dentro da hospedaria, ele oferece uma boa soma em dinheiro ao dono da mesma para que prepare uma carruagem dentro de uma hora, pronta a partir voando para Paris. Edmondo, que entreouviu a conversa de Geronte com o dono da hospedaria, vem correndo avisar Des Grieux. Chega Manon, como prometeu, e Des Grieux e Edmondo contam a ela que o velho pretende raptá-la. Des Grieux convence Manon a fugir com ele. Eles fogem na mesma carruagem que Geronte havia ordenado. Quando Geronte percebe que lhe passaram a perna, fica enfurecido, mas Lescaut o consola. Afinal, diz ele, bolsa de estudante logo fica vazia. Os dois seguem para Paris.



Ato II

O palacete de Geronte em Paris

Assim como Lescaut previra, o caso de amor entre Manon e Des Grieux não durou muito tempo. Assim que as condições materiais de subsistência do jovem casal desceram ao nível do proletariado, não foi difícil convencê-la a instalar-se na mansão do velho indecente. Nós a vemos cercada de luxo, com cabeleireiros, costureiros, peruqueiros, e um batalhão de criados satisfazendo seus mais ínfimos caprichos - chegou a hora dos minuetos e pó-de-arroz, dos quais Puccini havia acusado Massenet - talvez inescapáveis, em se tratando da Manon. Chega seu irmão Lescaut. Numa ária, In quelle trine morbide, ela exprime seu enfado com aquela vida vazia. Lescaut conta que seu amigo Des Grieux não para de importuná-lo: onde está Manon? Onde vive? Com quem fugiu? Lescaut vai buscar Des Grieux, que entra pela janela. Nem é necessário dizer que, quando eles estão no auge dos amassos amorosos, Geronte entra no quarto, arregala os olhos, abre bem a boca, põe a mão na cara num gesto de estupefação, e se retira do quarto. Manon e Des Grieux pretendem fugir; Manon enche a bolsa de jóias roubadas que ela pretende levar consigo. Geronte chamou a polícia; a casa está cercada. Policiais entram no quarto. A bolsa cai da mão de Manon e se espatifa no chão, esparramando todas as jóias. Manon é presa.



Ato III

O porto francês de Le Havre

Manon é processada por prostituição, e agora deve enfrentar o destino de todas as prostitutas: deportação para a América. O comandante do navio vai lendo uma por uma os nomes de todas as prostitutas "convidadas" a subir a bordo do navio para a deportação: Rosetta... Madelon... Claretta... Ninon... Violetta... Manon! Ao ouvir o nome de sua bem-amada, Des Grieux cai aos pés do comandante do navio e, chorando, canta para ele uma ária de tenor, suplicando a ele que o deixe embarcar como descascador de batatas. "Vai, meu rapaz! Vai povoar a América" diz o comandante.


Ato IV

Um deserto na Luisiana, perto de Nova Orleans

Numa região constantemente devastada por furacões e inundações, Manon e Des Grieux fogem de Nova Orleans, em busca de água e comida. Eles cantam um longo dueto de amor. Des Grieux se afasta um pouco para ver se avista alguma caravana ou algo parecido. É então que Manon canta sua famosa ária, Sola, perduta, abbandonata, um verdadeiro teste para as habilidades dramáticas e musicais das melhores sopranos. Parece que o pior pesadêlo de Manon se tornou realidade: ela vai morrer sozinha, abandonada por todos. Des Grieux retorna, e Manon morre feliz nos braços dele. A cortina cai.

Com o passar dos anos, Puccini comporia outras obras musicais que caíram mais no gosto do público. No entanto, Manon Lescaut foi, provavelmente, a ópera que projetou Puccini à fama e a partir daí muitos italianos o consideravam um sucessor de Verdi. É uma partitura extremamente rica e complexa. Este último ato, por exemplo, não tem atrativo cênico nenhum. O cenário é um deserto, não há nenhuma movimentação ou elemento visual atraente. A atração está toda na música de Puccini.




Manon Lescaut























Foi com "Manon Lescaut" (1893), sua terceira ópera, que obteve a fama internacional. A escolha desse tema foi uma ousadia porque havia sido baseada em uma história de recente sucesso do francês Jules Massenet. A obra de Puccini logo ganhou o mundo e foi aplaudida de Londres a Budapeste, passando pelo Rio de Janeiro e Buenos Aires.



Manon Lescaut, ópera em quatro atos de Giacomo Puccini, com libreto baseado na novela do Abade Prévost, L'Histoire du Chevalier des Grieux et de Manon Lescaut. Estreou a 1 de fevereiro de 1893 no Teatro Regio de Turim.


PERSONAGENS:


Manon Lescaut
Sargento Lescaut (irmão de Manon)
O Cavalheiro des Grieux (amante de Manon)
Geronte de Ravoir (Tesoureiro Real, outro amante de Manon)
Edmondo (um estudante, amigo de Des Grieux)
Um hoteleiro
Uma cantora
Um professor de Dança
Um acendedor de lampiões
Sargento da Artilharia Real
O Comandante do Navio


























































Giacomo Puccini




































Ele é considerado, depois de Verdi, o maior compositor italiano de óperas, prestigiado em vários países. Puccini pode ainda ser considerado o pai do teatro musical moderno – que se desenvolveria posteriormente com artistas como Vincent Youmans, Victor Herbert e Cole Porter.

Com o tio, então diretor do Instituto Musical Pacini, e com o maestro Carlo Angeloni começou os estudos de música. Iniciou a carreira aos 14 anos como organista de igrejas na cidade de Lucca, na Toscana, onde nasceu em 22 de dezembro de 1858.

A ópera entrou na vida de Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini aos 18 anos, quando assistiu a "Aída", de Giuseppe Verdi, em 1876.

Apesar da situação econômica difícil desde os 5 anos de idade – quando o pai morreu -, Puccini ingressou no Conservatório de Milão em 1880 graças a uma bolsa de estudos concedida pela rainha Margherita e a ajuda financeira do tio. Embora não tivesse a idade mínima permitida, aos 22 anos ingressou diretamente na turma "sênior" do conservatório.

Três anos depois, já de saída do conservatório, compôs sua primeira ópera, "Le Villi", visando ganhar um concurso. Perdeu, mas seguiu seu destino. Em 1889 estreou no teatro Scala, em Milão, a ópera "Edgar", também sem muita repercussão. Cogitou largar tudo e recomeçar a vida na Argentina, onde vivia o irmão.

Giacomo Puccini















Giacomo Puccini (Lucca, 22 de dezembro de 1858 — Bruxelas, 29 de novembro de 1924) foi um compositor italiano de óperas. Dentre os compositores com óperas mais populares, é o mais novo.

Assim como a família Bach, a família Puccini produziu músicos por várias gerações, especialmente músicos de igreja. Seus antepassados foram organistas da igreja de São Martinho em Lucca, o cargo tendo passado de pai para filho na família Puccini desde o século XVIII. Dizem que seu pai, Michele, já estava à procura dos nomes femininos mais feios que pudesse encontrar: Puccini teve cinco irmãs que nasceram antes dele. Em 1858, contudo, o tão esperado filho homem nasceu, e foi batizado com o nome de Giacomo Antonio Domenico Michele Secondo Maria Puccini. Depois de Giacomo, sua mãe Albina Magi deu à luz outro menino, que recebeu o nome de Michele.